República Velha: Governo Washington Luís (1926-1930) e a Revolução de 1930

O governo Washington Luís (1926-1930), indicado por São Paulo, como estava previsto na política café-com-leite, herdou uma realidade política bem menos conturbada que a de seu antecessor, Artur Bernardes. A Coluna Prestes encerrou suas ações em 1926 e o Movimento Operário, que havia sofrido dura repressão durante o governo de Bernardes, seria inibido com a publicação, em 1927, da Lei Celerada, que censurava a imprensa e proibia o direito de reunião. 

Com seu lema "governar é abrir estradas", Washington Luís empreendeu programa de construção de estradas de rodagem, como as Rio-São Paulo e Rio-Petrópolis. Outra ação foi ampliar as reservas de ouro brasileiras, buscando maior estabilidade dos preços dos produtos brasileiros no comércio internacional.

Sua proposta, porém, esbarrou na Crise de 1929, com a quebra da Bolsa de Nova Iorque. A crise causou queda brusca dos preços do café, o que se associou à paralisia de exportação do produto para os Estados Unidos, nosso principal comprador. A crise abalou violentamente os interesses da oligarquia, que buscou apoio no governo federal.

O presidente Washington Luís cedeu e decretou perdão da dívida dos cafeicultores, comprou estoques de café e, alegando a necessidade de dar continuidade a seu projeto de estabilização financeira, indicou o paulista Júlio Prestes como candidato à sua sucessão.

Opa, nascia aí um problema. De acordo com a política café-com-leite, o próximo presidente deveria ser mineiro. O PRM (Partido Republicano Mineiro) reagiu de imediato e passou a apoiar a candidatura de Getúlio Vargas, indicado pela oligarquia gaúcha, forte opositora do esquema café-com-leite. A nova aliança entre as duas oligarquias se chamou Aliança Liberal e indicou João Pessoa como candidato a vice-presidente.

Para os oligarcas, Vargas se dispunha a manter a política de manutenção do café e de outros produtos agrícolas. Para as classes urbanas, Vargas defendeu investimentos no setor industrial e criação de leis em defesa dos trabalhadores. Para os tenentistas, Vargas absolvia a todos que participaram das revoltas de 1922 e 1924, além de prometer o voto secreto.

As eleições de 1930, como o usual, contaram com todo o tipo de fraude de todos os lados. E, como o usual, venceu o presidente que havia sido indicado pelo seu antecessor quando ainda estava no poder: Júlio Prestes. No entanto, a vitória de Júlio Prestes provocou uma onda de indignação em várias regiões do país devido à combinação de desgaste do regime, crise econômica, movimento operário, tenentes, oligarquias da oposição, tudo isso gerava uma possibilidade revolucionária maior que em qualquer outro momento da história republicana.

Quando no dia 26, antes da posse de Júlio Prestes, João Pessoa foi assassinado, estava dado o estopim para a revolução. Iniciou-se um movimento armado envolvendo a Aliança Liberal, Minas Gerais e o Rio Grande do Sul. Regiões do Nordeste também apoiaram a luta contra o eixo da resistência: São Paulo e Rio de Janeiro.

Com cada vez mais setores do Exército aderindo à rebelião, a resistência foi inútil. Um ultimato foi encaminhado a Washington Luís, que, isolado, foi deposto. Uma junta militar impediu a posse de Júlio Prestes e declarou, dias depois, Getúlio Vargas como Presidente da República. Estava encerrada a República Velha, uma nova fase republicana iniciava, a Era Vargas.

Governo anterior: Governo Artur Bernardes