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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

República Velha: Governo Venceslau Brás (1914-1918) e Movimento Operário (1917)

venceslau-brás

Venceslau Brás herdou uma situação politicamente mais tranquila e muito mais promissora que o governo anterior havia enfrentado.

O governo do presidente encontrou uma realidade marcada pela eclosão da Primeira Guerra Mundial na Europa, cujos efeitos foram decisivos para a economia brasileira. Lá, a produção havia sido afetada e o transporte estava comprometido pela guerra submarina. Ou seja, a exportação do café caiu drasticamente. Durante esse período, o governo queimaria 3 milhões de sacas de café estocadas.

Assim, o Brasil iniciou um processo de industrialização para suprir a demanda interna. Ela se estende até 1920, quando o número de indústrias nacionais sobe de 636 (em 1889) para 13.336 (em 1920). Entre 1920 e 1930, a mesma estrutura serviria para atender a Europa pós-guerra. Pela primeira vez, os produtos industriais passariam a ter papel importante no total das exportações brasileiras. Porém, quando a normalidade da produção europeia foi restabelecida, a indústria brasileira voltou a se restringir ao mercado interno.


O processo de industrialização traria consigo um componente social novo e de dimensões sérias: a do movimento operário, organizado pela nova classe operária (formada principalmente por imigrantes italianos) para reivindicar direitos trabalhistas como os garantidos na Europa.

São Paulo e Rio de Janeiro abrigavam uma classe operária que enfrentava péssimas condições oferecidas pela indústria nacional: jornadas de catorze a dezesseis horas, inexistência de salário mínimo e férias remuneradas, etc.

Assim, as primeiras greves não tardaram a aparecer. Em 1917, no estado de São Paulo, 40 mil trabalhadores realizaram a primeira greve geral do país. Receberam repressão violenta, que resultou na morte de grande quantidade de trabalhadores. No ano seguinte, porém, a greve se alastraria para outros estados e algumas exigências seriam atendidas. A fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB), ligado aos ideais do Movimento Operário, aconteceria em 1922. 


Abaixo, as exigências levantadas pelos trabalhadores:
  • Que sejam postas em liberdade todas as pessoas detidas por motivo de greve;
  • Que seja respeitado do modo mais absoluto o direito de associação para os trabalhadores;
  • Que nenhum operário seja dispensado por haver participado ativa e ostensivamente no movimento grevista;
  • Que seja abolida de fato a exploração do trabalho de menores de 14 anos nas fábricas, oficinas etc.;
  • Que os trabalhadores com menos de 18 anos não sejam ocupados em trabalhos noturnos;
  • Que seja abolido o trabalho noturno das mulheres;
  • Aumento de 35% nos salários inferiores a $5000 e de 25% para os mais elevados;
  • Que o pagamento dos salários seja efetuado pontualmente, cada 15 dias, e, o mais tardar, 5 dias após o vencimento;
  • Que seja garantido aos operários trabalho permanente;
  • Jornada de oito horas e semana inglesa;
  • Aumento de 50% em todo o trabalho extraordinário.
<< Governo anterior: Governo Hermes da Fonseca
>> Na sequência: Governo Epitácio Pessoa

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