Hermes da Fonseca sofreu forte oposição de alguns oligarcas durante seu mandato, um dos mais conturbados da República Velha. Sofreu forte influência do senador Pinheiro Machado, da Revolta da Chibata, da Revolta do Juazeiro e também da Guerra do Contestado.
Para garantir sua hegemonia, em 1911 Hermes iniciou a política das salvações, que consistia na deposição de todos os políticos que não fossem declaradamente a favor de seu governo. Novamente, um militar feria os princípios federativos da Constituição de 1891 ao intervir diretamente na política dos estados, tendo sucesso em estados como Pernambuco, Alagoas e Bahia.
No Ceará, porém, as coisas não ocorreram como o esperado. Ao depor oligarquias da oposição no estado do Ceará, Hermes mexe com a insatisfação de vários políticos cearenses, que tiveram a figura do padre Cícero, vice-governador, como liderança. O padre encabeçou uma revolta na cidade de Juazeiro. O governo precisou fazer um acordo político com os revoltosos.
Durante seu governo eclodiu também a Guerra do Contestado, ocorrida em uma região florestal e de plantações de erva-mate entre o Paraná e Santa Catarina. A região já era foco de conflitos entre trabalhadores rurais e fazendeiros, o que só piorou quando a Brazil Railway Company comprou uma extensa área para construção de uma ferrovia ligando São Paulo a Rio Grande do Sul.
Diversas famílias foram desinstaladas, mas puderam trabalhar na construção da obra. Terminada a ferrovia, a empresa comprou mais 180 mil hectares de terras onde realizaria exploração de madeira, que não exigia tanta mão-de-obra. Além de expulsar mais camponeses de suas casas, ocorreu a formação de uma massa de desempregados e desalojados.
A ação de líderes religiosos era comum na região, tendo sido o mais influente um monge chamado João Maria. Naquele momento de tensão, um ex-soldado chamado José Maria se dizia a encarnação do antigo monge. Em um processo que se assemelhou ao de Canudos, o líder carismático juntou os camponeses que passaram a se organizar para lutar por suas terras.
Os camponeses fundaram a comunidade do Quadrado Santo, cuja economia se baseou na economia de subsistência e roubo de gado. Preocupados com o surgimento de comunidades deste tipo, os governos estadual e federal mandaram expedições militares contra a comunidade, que fugiu para a cidade Faxinal de Iraí, no Paraná. Em 1912, uma nova expedição militar foi mandada contra os camponeses. As tropas federais foram derrotadas, porém o líder José Maria acabou morrendo. Os rebeldes reorganizaram a comunidade de Quadrado Santo e sofreram outro ataque de tropas federais no fim de 1913, que também venceram.
Em 1914 o governo viria a ser neutralizado novamente e em 1915 também, por diversas vezes. O conflito só chegou ao fim quando as tropas foram mantidas por um ano em confrontos regulares contra os revoltosos, com uso de aviões e artilharia pesada. Ao fim de 1916, a comunidade sucumbiu e os camponeses foram executados.
O final do governo Hermes da Fonseca seria marcado pela retomada da aliança entre as oligarquias mineira e paulista, que lançariam a candidatura do mineiro Venceslau Brás.
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