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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

República Velha: Guerra de Canudos (1896-1897)


Já nos primeiros anos da República, o Brasil enfrentou uma revolta de sérias proporções no Nordeste, mais especificamente no sertão baiano. A concentração das políticas públicas no Sudeste do século XIX piorou a vida das populações camponesas que viviam em regiões distantes dos centros de decisão política.

Com a abolição da escravidão, os escravos libertos deveriam se responsabilizar pelo pagamento de impostos e encontrar trabalho, muitas vezes nas próprias fazendas das quais haviam se livrado. Como podemos notar, não houve uma política de inserção dos escravos libertos na sociedade, mostrando o completo descaso do governo.

Para piorar, a região Nordeste sofria com a seca. A miséria e a falta de crença em qualquer solução para a fome a as injustiças abria espaço para a exacerbação da religiosidade, o fanatismo como a única forma de consolo e esperança. 


Era comum encontrar peregrinos, pessoas que andavam longos percursos, penitenciando-se e orando para que as condições de vida melhorasse. Destacou-se a figura de Antônio Conselheiro, que ajudava as pessoas em seu cotidiano e portava-se como um profeta. Ele dizia haver uma Terra Prometida para os verdadeiros crentes em Cristo.

Passando a exercer forte influência no sertão empobrecido da Bahia, Antônio Conselheiro atraiu milhares de seguidores. As palavras de Conselheiro eram as únicas leis. Em 1893, Conselheiro parou em uma fazenda abandonada à beira de um pequeno rio chamado Vaza Barris, onde fundou o Arraial do Belo Monte

Com base na produção coletiva, o Arraial cresceu bastante. Ninguém deveria possuir nada, todo trabalho deveria ser entregue à comunidade e aquilo que sobrasse seria oferecido às obras da nova igreja. O nome Canudos surgiu devido à abundância de uma vegetação parecida com bambus, conhecida pelos habitantes como "canudos". Os soldados se recusavam a chamar a comunidade de "Belo Monte".


A comunidade fundada por Conselheiro constituiu um Estado dentro do Estado, na qual a autoridade da República não penetrava, instituindo leis próprias e vivendo à margem dos impostos. Os fazendeiros sentiam a concorrência da mão-de-obra e passaram do incômodo para a pressão contra o governo e o presidente Prudente de Morais.

Primeiramente, foram enviados 100 mil homens que foram detidos antes mesmo de chegar a Canudos e o mesmo aconteceu com o segundo ataque à comunidade. O Presidente Prudente de Morais envia então o coronel Moreira César, famoso pela sua atuação na Guerra do Paraguai e mais de 1.300 homens. O ataque de Moreira César, que morreu na missão, constituiu numa das maiores derrotas do exército brasileiro.

Somente no quarto ataque, quando foram enviados para a região mais de 8.000 soldados, a população de Canudos foi dizimada por meio do fogo e da artilharia.



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