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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Era Vargas: Governo Constitucional (1934-1937)


Os primeiros anos de Vargas no poder conheceram um avanço do movimento operário, que passou a assumir uma postura mais democrática e mais distante da ideologia do PCB (Partido Comunista Brasileiro, fundado em 1922) devido ao crescimento do nazifascismo na Europa.

Personificado por regimes como o de Mussolini na Itália, Salazar em Portugal e, mais tarde, o de Hitler na Alemanha, os regimes totalitários se tratavam de uma postura totalitária, marcada pelo forte intervencionismo estatal, unipartidarismo, nacionalismo exacerbado e anticomunismo


No Brasil, a Ação Integralista Brasileira (AIB), liderada por Plínio Salgado, expressava a corrente fascista e apelava para o nacionalismo, com o grito de guerra "anauê", palavra de origem indígena. Além disso, seus representantes usavam camisas verdes e tinham o apoio do próprio Presidente Vargas, que flertava com as ideias de Mussolini.


Contra o crescimento da AIB, surgiu a Aliança Nacional Libertadora (ANL), que reunia sindicalistas, comunistas e socialistas pela união dos setores assalariados. Os setores liberais e democratas que viam a ameaça representada pelo fascismo também se juntaram a eles. A ANL era o canal básico de expressão do PCB, que liderava toda essa frente de oposição a Vargas e ao fascismo.

A penetração dos ideais da ANL, curiosamente, se deu de forma mais efetiva dentro das Forças Armadas do que junto ao movimento operário propriamente dito. Dessa forma, os sonhos de poder da ANL e do PCB passavam por uma revolução que partisse dos quartéis para a sociedade, o que fica claro em um discurso de Luís Carlos Prestes: "era muito mais fácil construir o partido dentro dos quartéis do que nas fábricas". 

Exilado na Argentina após o fim da Coluna Prestes, Prestes foi à URSS onde trabalhou no comitê central do Partido Comunista de lá. Voltou para o Brasil disfarçado, simulando um passeio turístico com Olga Benário (abaixo), uma comunista alemã. A dupla deveria apenas aparentar um casal em lua-de-mel, mas chegou ao Brasil já como casal de verdade.


O que eles tramavam? Uma ação revolucionária no Brasil que ficou conhecida como Intentona Comunista. Em novembro de 1935, explodia o levante popular e militar no Rio Grande do Norte, impulsionado por setores da ANL e do PCB. O plano deu muito errado no Rio de Janeiro e mais ainda no Nordeste, onde a onda de repressão ao levante foi violenta. A ANL foi colocada na ilegalidade, Prestes foi preso e Olga Benário, grávida, foi entregue para a Gestapo, polícia da Alemanha nazista.

Getúlio declarou estado de sítio no mesmo ano. Inteligente, o presidente utilizaria o medo gerado pela Intentona para ir reeditando o estado de sítio. O quadro político complicou-se ainda mais com o início da campanha eleitoral que elegeria um substituto para Vargas. Em 1937, definiram-se três candidatos: Armando de Sales Oliveira (PRP, oligarquia paulista), José Américo de Almeida (apoiado por Vargas) e Plínio Salgado (integralista que esperava obter apoio de Vargas). Vargas, porém, não tinha planos de deixar o poder.

Vargas usou forte propaganda para impor medo de um possível levante comunista sobre a população, medo que pode ser visto até os dias de hoje. O Exército via no Estado centralizado varguista uma arma em defesa da estabilidade contra o Comunismo, assim como a classe média e elite. Assim, o cenário propício para um golpe de Estado estava montado. Vargas alegou a existência de um plano golpista idealizado pelos comunistas, o Plano Cohen, que incluía assaltos e assassinatos. Diante da "ameaça comunista", Vargas fechou o Congresso, suspendeu as eleições e a Constituição, dando início a sua ditadura, ao Estado Novo.

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