Vimos na última postagem que a vitória de Artur Bernardes revoltou setores do Exército devido às supostas cartas nas quais o candidato insultava o Marechal Hermes da Fonseca. Quando este último foi preso e acusado de opositor do governo, a reação do Exército se refletiu no episódio dos 18 do Forte de Copacabana, marco do início do movimento tenentista.
Seus quatro anos de governo ocorreram, praticamente, sob estado de sítio. Em São Paulo, o Movimento Tenentista estourou. Contando com o apoio de Miguel Costa, major que chefiava a Força Pública paulista, e do coronel Isidoro Dias Gomes, os tenentes organizaram o Levante de 1924, exatamente dois anos após o episódio dos 18 do Forte de Copacabana. Quartéis da cidade foram tomados pelos revoltosos, além das principais estações e o palácio do Governador.
Os tenentistas exigiam a deposição do presidente Artur Bernardes e a realização de reformas políticas, entre elas a instalação do voto secreto e a extinção da corrupção.
Os tenentes chamavam o governo da República de incompetente e retrógrado, acusando-os de fraudes eleitorais e controle de votos. Os tenentes apresentavam como ideologia o "ideal de salvação nacional", isto é, somente o Exército poderia dar à nação os rumos que a livrariam do atraso e da miséria, com base no nacionalismo, na centralização política e no autoritarismo. Na visão tenentista, a reforma política seria realizada pelos militares, que dariam um novo país de presente à população, mas sem participação desta.
Após um confronto contra as tropas federais, os tenentistas paulistas saíram da cidade em busca de refúgio e marcharam para o Paraná. No Sul, o movimento inspirou os tenentistas gaúchos, que, comandados pelo capitão Luís Carlos Prestes, rebelaram-se contra o governador Borges Medeiros, utilizando táticas de emboscadas e armadilhas para dispersar as tropas do Estado. Fugindo da repressão, os gaúchos chegaram a Foz do Iguaçu, onde a Coluna Prestes encontrou a coluna paulista liderada por Miguel Costa, citado no início do texto.
Miguel Costa e Prestes perceberam que somente em constante movimento eles poderiam evitar um choque direito com o exército de Bernardes. Evitando grandes estradas e vias férreas, marcharam pelo interior de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Bahia. A coluna Miguel Costa-Prestes constituiu-se num perigosíssimo instrumento de oposição ao regime, revoltando setores urbanos que ainda se recusavam a aderir à campanha antioligárquica. Desanimada e faminta, a Coluna Prestes se dispersaria em 1927, quando alguns exilariam-se na Bolívia e outros viveriam clandestinamente no Brasil.
<< Governo anterior: Governo Epitácio Pessoa>> Na sequência: Governo Washington Luís
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