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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Deflagração da Primeira Guerra Mundial


Bem, uma série de eventos levaram à eclosão da Primeira Guerra Mundial. As tensões apenas cresciam, a guerra parecia iminente. Sentindo o perigo, os países europeus procuraram investir em seu poderio militar e já firmavam alianças entre eles muito antes da eclosão da guerra. O que se verifica neste período, então, é uma corrida armamentista denominada Paz Armada. De onde vinha o capital para o desenvolvimento militar? Do Neocolonialismo.

E por que "paz"? Vale lembrar que a Paz Armada e a Belle Époque aconteceram simultaneamente, o que é um tanto contraditório. A contradição está na euforia capitalista observada na população europeia (Belle Époque) e a ameaça da guerra nos bastidores (corrida armamentista). Então, existia o otimismo e existia ressentimentos entre os países europeus. 

A seguir, estarei listando alguns motivos que levaram ao estopim:


a) Alsácia e Lorena: Ao fim da Guerra Franco-Prussiana (1871), vencida pela Prússia (atual Alemanha), a França perdeu os territórios da Alsácia e Lorena, ricos em minérios. E não parou por aí, o kaiser Guilherme I da Prússia foi coroado no Palácio de Versalhes, uma humilhação simbólica para a França. Dessa maneira, a França alimentava sentimentos revanchistas contra o país alemão desde essa época e desejava tomar seus territórios de volta.


b) Concorrência: A Alemanha vivia intenso crescimento comercial e ameaçava mercados claramente ingleses. O fato de possuir apenas algumas regiões na África/Oceania a tornava uma poderosa inimiga das maiores potências coloniais, França e Inglaterra, que desejavam barrar o crescimento da Alemanha a qualquer custo. A Inglaterra sentia, pela primeira vez em muito tempo, que sua hegemonia naval estava ameaçada. Isso ficou claro quando os alemães aprovaram a Lei Naval, que previa a construção de dezenove modernos encouraçados e o triplo de cruzadores. Além disso, a Alemanha também foi pioneira na construção de submarinos.


c) Questão dos Bálcãs: A decadência do Império Otomano deu independência à Grécia, Sérvia, Bulgária, Romênia e Montenegro, nações que se opunham umas às outras. As potências europeias tinham lá seus interesses sobre elas. 

A Áustria, que foi prejudicada nas unificações italiana e alemã, via nos bálcãs uma possibilidade de fortalecimento e recuperação de território. 

A Rússia pretendia unificar todos aqueles povos sob a bandeira do pan-eslavismo (união de todos os povos eslavos sob a proteção da Rússia), pois com isso conseguiria a tão almejada saída pelo "porto de águas quentes" e pelo Mar Mediterrâneo (logo abaixo do Mar Adriático, mostrado no mapa). 

Já a Alemanha, que tinha uma aliança com a Áustria, almejava construir uma estrada de ferro ligando Berlim a Bagdá, buscando saída para o Oriente e o contato com as ricas regiões de lá. Portanto, era fundamental que os bálcãs estivessem em suas mãos ou nas mãos de um aliado como a Áustria.


d) Questão Marroquina: Marrocos era controlado pela Espanha e a França queria transformá-lo em um protetorado seu, o que frustraria a Alemanha, que tinha interesse nos recursos naturais do país africano. Em 1904, a Inglaterra reconheceu Marrocos como francês. Revoltada, a Alemanha declarou apoio à independência de Marrocos. Depois de muitas crises, a questão foi solucionada diplomaticamente em 1911, quando a Alemanha recebeu o Congo Francês como forma de evitar o confronto direito, o que só serviu pra aumentar ainda mais os ressentimentos.

Sentindo-se ameaçadas com a agressividade alemã, França e Inglaterra firmaram em 1904 um pacto de apoio militar, não-agressão e ajuda mútua, a Entente Cordiale. Em 1907, a Rússia aderiu à Entente, que passou a se chamar Tríplice Entente. Em 1882, Alemanha, Itália e o Império Austro-Húngaro já haviam formado a Tríplice Aliança. Este tipo de aliança teria consequências terríveis para as relações internacionais a partir dali, uma vez que ocorreria generalização de conflitos que só deveriam envolver a um ou a outro país.

As relações internacionais se agravam quando o Império Austro-Húngaro (envolvendo Áustria e Hungria) anexam também a Bósnia, frustrando o expansionismo sérvio, uma vez que a Sérvia tinha interesse naquela região. Pra piorar, Sérvia, Bulgária, Montenegro e Grécia se aliaram para derrotar de vez o Império Otomano, o que deu origem à Primeira Guerra Balcânica (1912-1913). Em seguida, estes aliados se desentenderam, o que deu origem à Segunda Guerra Balcânica (1913). O conflito só acabaria com o Tratado de Bucareste (1913), que deixaria um clima de revanchismo no ar (parece briga de criança, mas é história, juro).


O estopim da Primeira Guerra Mundial estava próximo. Sérvia e Rússia tentavam desestabilizar o domínio do Império Austro-Húngaro sobre a Bósnia com a forte propaganda pan-eslavista. A Áustria-Hungria estava disposta a assegurar a simpatia da Bósnia. Ao menos este era o objetivo do herdeiro do trono austríaco, Francisco Ferdinando.

Em visita a Saravejo (capital da Bósnia), ele foi assassinado. O assassino foi identificado como membro do grupo sérvio mão-negraO Império Austro-Húngaro não hesitou e declarou guerra à Sérvia.

Começava a guerra na Europa.

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