Pesquisar

domingo, 16 de novembro de 2014

Guerra Fria: Apartheid na África do Sul (1948-1994)



Apartheid
1. Significa segregar; termo africano que quer dizer separação;
2. s.m. Política de discriminação racial ou separação entre a raça branca e negra, propagada por uma minoria branca, durante grande parte do século XX, na África do Sul.

A fim de entender o que significou o regime do Apartheid em plena Guerra Fria, vamos estudar alguns eventos na África do Sul que o precederam.

Na África do Sul, os holandeses foram os primeiros a chegar e lá fundaram duas repúblicas agropastoris. Os holandeses que se estabeleceram na região foram alcunhados de "bôeres". A descoberta de ouro, no entanto, despertou a cobiça dos ingleses.


É importante entender que se tratando de holandeses e ingleses não existe "bonzinho" e "malvado" nessa história. Os europeus apenas se preocupavam em explorar recursos naturais e se aproveitar da mão-de-obra nativa. A consequência da intromissão deles no território africano foi a criação de países artificiais, agrupando etnias e tribos inimigas seculares. A África sofre as consequências dessa exploração até os dias atuais.

Os ingleses e bôeres se enfrentaram em uma guerra pelo controle da África do Sul denominada Guerra dos Bôeres (1899-1902), na qual os ingleses também enfrentaram uma tribo nativa chamada Zulu

Após três anos, os ingleses derrotaram os bôeres e zulus e declararam a União da África do Sul, mas sob domínio do Império Britânico.


Criou-se leis para manter as terras e riquezas nas mãos dos colonos brancos, o que beneficiava a Inglaterra e impedia que os nativos enriquecessem, uma estratégia muito velha na história que preza a manutenção da riqueza nas mesmas famílias. Como os nativos não enriqueciam, tinham de continuar trabalhando para os colonos brancos.

Nascia o Apartheid, que separava a sociedade sul-africana em dois grupos: brancos (20%); e negros (67%), miscigenados (10%) e asiáticos (3%).

Em 1948, o Partido Nacional chegou ao poder, estimulando um sentimento nacionalista e de superioridade da raça branca, oficializou o Apartheid com a criação de leis que segregava a população negra (maioria), como:
  1. Proibição do casamento entre negros e brancos; (1949)
  2. Proibição da propriedade de terra aos negros, não podendo eles residir no mesmo bairro que os brancos e sendo segregados nos bantustões; (1950)
  3. A “Lei do Passe” (1952) obrigava os negros a apresentarem passaporte para se locomoverem pelo território;
  4. É implantada lei que visava a proibição dos movimentos sociais por parte dos negros, além da separação dos serviços públicos para negros e brancos, como escolas, hospitais, praças públicas, estádios, etc. (1952)

Em 1961, a África do Sul se tornou oficialmente independente da Inglaterra. 

Em 1960, setenta manifestantes negros foram mortos em Shaperville. O CNA, organização anti-apartheid, entrou na ilegalidade e seu líder, Nelson Mandela, foi condenado à prisão perpétua. Ainda neste ano, a África do Sul foi excluída da Commonwealth (Comunidade das Nações) e sofreu sanções da ONUOs protestos contra o regime racista cresceriam e ficariam cada vez mais violentos. Em 1972, a África do Sul foi excluída dos Jogos Olímpicos de Munique, perante a ameaça de boicote geral dos países africanos e, em 1976, uma rebelião no distrito negro de Soweto e em outros municípios, terminaria com 600 mortos. A pressão internacional foi hipócrita, já que durante a Guerra Fria, o apartheid foi visto como muro de contenção ao comunismo e por isso nenhum país tomou uma atitude mais drástica, com exceção, talvez, da URSS, que cedeu armamento à Angola e Moçambique, países vizinhos.

Nelson Mandela nem sempre foi a unanimidade que é hoje. Quando estava preso, Margaret Thatcher, primeira-ministra britânica, declarou que o partido de Mandela, o CNA, era “uma típica organização terrorista”. Quando morto, políticos como Dilma e Alckmin se mostraram comovidos e sensibilizados com o legado de Mandela, mas como será que estes políticos tratam aqueles que estão lutando por um país melhor hoje?


Quero frisar que não só de Nelson Mandela viveu o movimento anti-apartheid e que existem vários outros nomes importantes na história como Steve Biko, Desmond Tutu, Chris Hani, e muitos outros.

Apenas o fim da Guerra Fria precipitou o fim do ApartheidEleito em 1989 e pressionado, de Klerk (foto acima ao lado de Mandela) legalizou a CNA, libertou Nelson Mandela e outros presos políticos, recuperou direitos civis e políticos negros e realizou eleições em 1994, onde determinou que todas as raças votariam.

De Klerk, juntamente com Mandela, elaborou uma nova constituição e em 1993, ambos ganharam o Nobel da Paz. A eleição presidencial de 1994 deu a vitória a Mandela e a de Klerk como seu vice.


Foi elaborada, ainda, uma nova bandeira para a África do Sul:
  • O vermelho é o sangue do povo;
  • O azul representa o céu;
  • O amarelo representa o ouro;
  • As cores preto e branco representam as raças negra e branca;
  • O verde representa as florestas;
  • O “Y” representa a convergência em uma só nação após o Apartheid;

Legado do Apartheid

Nenhum comentário:

Postar um comentário