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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Período Regencial: Regência Una de Araújo Lima (1837-1840)


O ano de 1837 marca a ascensão de Araújo Lima como regente e o interrompimento do chamado avanço liberal, falado na postagem sobre a contextualização do Período Regencial. Araújo Lima é representante de uma ala conservadora, que se organiza para reinterpretar o Ato Adicional e recentralizar o poder. Lançou uma campanha chamada "regresso à ordem", dividindo a situação política do seu país em seus apoiadores (regressistas) e opositores (progressistas). Mais tarde, dariam origem aos partidos Conservador e Liberal, respectivamente.

A seguir, algumas medidas tomadas por Araújo Lima:

  • Maior concentração de poderes nas mãos do governo central;
  • Menor liberdade de ação para as províncias;
  • Endurecimento em relação aos movimentos populares;
O regente montou um ministério composto apenas de políticos conservadores, o Ministério das Capacidades, buscando "parar o carro da revolução". Os líderes regressistas entendiam que a descentralização do poder e a autonomia das províncias erma responsáveis pela desordem. Em 1840, aprovou a Lei Interpretativa do Ato Adicional, que praticamente anulava o Ato original.


Araújo Lima, porém, não teve mais sorte que Feijó quanto as rebeliões. Herdou a Cabanagem e a Farroupilha e viu explodir outras duas revoltas: a Sabinada na Bahia (1837-1838) e a Balaiada no Maranhão (1839-1841).

A Sabinada, na Bahia, foi influenciada por líderes farroupilhas como Bento Gonçalves, que chegou a ser preso em cárceres baianos e ganhou apoio intelectuais e militares. Conseguindo apoio de parte do exército, os sabinos expulsaram o presidente da província e tomaram o poder em Salvador, proclamando a República Baiense. Assim como os cabanos, os sabinos pretendiam se reintegrar ao império quando d. Pedro II atingisse a maioridade. A repressão de Araújo Lima foi severa, inúmeras casas foram incendiadas e mais de mil pessoas morreram. O movimento não empolgou a maioria da população, então em 1838 estava totalmente dominado. É importante ressaltar que, diferente da Cabanagem, a Sabinada foi uma revolta coordenada por homens cultos e de posses.

No Maranhão, a Balaiada eclodiu em 1839, quando a oposição entre liberais e conservadores era tão forte que chegou a enfraquecer completamente o governo local. A economia agrária do Maranhão enfrentava grave crise, de modo que trabalhadores se uniram para lutar contra a miséria, a fome e a escravidão a que estavam submetidos. Profissionais urbanos maranhenses apelidados de "bem-te-vis" também se uniram ao movimento, mas logo se afastaram, preocupados com a direção que o movimento tomava. Francisco dos Anjos Ferreira, o balaio, chegou a reunir 2 mil apoiadores na contra-mão do governo central. O movimento, porém, acabou reprimido pelo Coronel Luis Alves de Lima, futuro Duque de Caxias, que mais tarde negociaria o tratado de paz com os farrapos.


Araújo Lima, mesmo com suas medidas altamente conservadoras, era incapaz de restaurar a estabilidade. Os progressistas (liberais), buscando uma alternativa para tirá-lo do poder, passaram a defender a antecipação da maioridade de d. Pedro II, na época com 14 anos. Em 1840, fundaram o Clube da Maioridade, principal instrumento propagandístico no sentido da antecipação.

A campanha concentrou-se na pressão sobre o Senado, de maioria conservadora. Mesmo assim, o projeto foi aprovado, o que revela que a única preocupação daqueles políticos, acima de suas poucas diferenças ideológicas, era sufocar a voz das rebeliões sociais. Aprovado o projeto em 1840, o episódio ficou conhecido como Golpe da Maioridade e d. Pedro II assumiu o poder, dando início ao Segundo Reinado.

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