Vimos na postagem anterior o contexto em que o Padre Diogo Feijó assumiu o poder, vencendo facilmente as eleições em nome dos Liberais Moderados e sendo escolhido para ser o único regente, como estava estabelecido no Ato Adicional de 1835.
No entanto, Feijó se indispôs com a Câmara durante sua regência, de modo que a oposição crescente perseguiu todos os seus projetos.
A oposição crescente se deve à explosão, na época, de duas importantes rebeliões do Período Regencial: a Cabanagem no Pará (1835-1840) e a Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul (1835-1845).
A Cabanagem foi uma revolta popular de caráter federalista ocorrida na província do Grão-Pará no ano de 1835. Ficou conhecida por esse nome porque nela participaram os cabanos: homens e mulheres pobres e mestiços que trabalhavam na extração de produtos da floresta e viviam em casas semelhantes a cabanas, à beira dos rios.
Os cabanos rebelaram-se contra a situação de miséria em que viviam e contra os responsáveis por sua exploração. Os revoltosos tomaram o poder, alegando que não receberiam ordens qualquer presidente indicado pela Câmara enquanto d. Pedro II não atingisse a maioridade. Durante os cinco anos da Cabanagem, a região do Pará governou-se autonomamente, chamando até atenção da Guiana Francesa, que busca anexar a região.
No entanto, a falta de um projeto sólido enfraqueceu o movimento e, em 1839, o governo brasileiro se opôs com repressão violenta que expulsou os franceses e terminou com a morte de cerca de 30% da população da província, com a rendição do último grupo rebelde em 1840.
No outro extremo do Brasil, explodiu uma das revoltas mais longas ocorridas em solo brasileiro: a Farroupilha, que durou de 1835 a 1845. Os farroupilhas eram federalistas e republicanos e também se negavam a aceitar os presidentes indicados pelo Rio de Janeiro.
A elite rio-grandense não se sentia representada na Assembleia Nacional e alegava sofrer por medidas não condizentes com sua realidade. A economia, baseada na criação de gado e produção do charque (carne-seca), era voltada para o abastecimento do mercado interno brasileiro, contrariando os principais produtos brasileiros como açúcar e o café e a tendência geral da economia de exportar. Os produtores gaúchos reclamavam da concorrência com produtos uruguaios e argentinos, que devido aos impostos baixos de importação, apresentavam produtos mais baratos que os rio-grandenses.
O levante teve início em 1835, quando Bento Gonçalves comandou as tropas que proclamaram a República Rio-Grandense. A recém-criada república contou com apoio argentino e uruguaio e estendeu seus domínios até Santa Cantarina, onde foi fundada a República Juliana. O governo central reagiu, mas não teve forças suficientes para controlar a revolta, tendo o acordo de paz sido negociado em 1845 (dez anos depois de Feijó e já no governo de d. Pedro II), concedendo algumas condições:
- Não-punição dos revoltosos;
- Incorporação dos soldados e oficiais do exército farroupilha ao exército imperial;
- direito à liberdade dos escravos fugitivos que lutaram ao lado dos farroupilhas;
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