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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Era Napoleônica (1799-1815)


A França vivia um período grande de instabilidade mesmo dez anos após o início da Revolução Francesa. A burguesia no poder sofria constantes ameaças de monarquistas e jacobinos, desejando agitações revolucionárias mais radicais. Os países vizinhos temiam o avanço dos ideais nacionais em seus territórios e a França chegou a receber ameaça real de invasão da Segunda Coalizão, aliança formada pela Grã-Bretanha e pela Rússia, Áustria, reino de Nápoles, Portugal e Império Otomano (governos absolutistas, ou seja, do Antigo Regime) contra a França revolucionária.

Face à crise do Diretório, Napoleão retornou apressadamente de sua expedição militar na África para liderar o golpe de Estado do 18 Brumário (9/11/1799 no calendário gregoriano). Napoleão, apoiado pela burguesia e exército, assume o poder e instala o Consulado, um governo republicano, centralizado e controlado por militares, os cônsules: Napoleão, Roger Ducos e Sieyès. 

Napoleão ganharia protagonismo em pouco tempo, sua centralização do poder disfarçada pelo Senado, Tribunal, Conselho, Corpo Legislativo, entre outras instituições criadas na Constituição votada em dezembro de 1799. Por meio de uma severa censura à imprensa e ação violenta dos órgãos policias, Napoleão sufocou oposições ao governo e projetos de setores populares, inspirados nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.



Ao mesmo tempo, Napoleão celebrou medidas buscando agradar a elite francesa e as instituições da época. Além de centralizar o governo, Napoleão criou o Banco da França (1800), que controlava a emissão de moedas e, consequentemente, a inflação. Estimulou a produção e consumo interno, fortalecendo o comércio e a indústria e reorganizou o sistema de ensino, passando este a ter como principal missão o desenvolvimento do francês como cidadão. 

Elaborou também o Código Civil Napoleônico (1804), que estabeleceu a igualdade de todos perante a lei, o respeito à propriedade privada e o direito à liberdade individual e ao matrimônio civil separado do religiosos, refletindo interesses burgueses. Não rompeu, no entanto, com a Igreja Católica, assumindo com ela a Assinatura de Concordata (1801): O Papa aceitava o confisco das propriedades da Igreja pelo Estado e Napoleão reconheceria o catolicismo como religião da maioria dos franceses.

A elite ficou tão entusiasmada com Napoleão que o nomeou cônsul vitalício. Napoleão, aproveitando-se da situação, mobilizou a opinião pública e realizou um plebiscito para a implantação definitiva da monarquia hereditária. Com a aprovação de 60% do público, nomeou-se e coroou-se imperador, retirando a coroa das mãos do Papa Pio VII na cerimônia. Em seu governo, construíram-se monumentos como o do Arco do Triunfo, como símbolo do poder do império.


Imperador e comandante das forças armadas, Napoleão liderou uma série de guerras. Já tendo conquistado territórios austríacos na atual Itália e as terras da Igreja, em 1806 Napoleão sofreu, pelo mar, duas grandes derrotas para os navios britânicos. Em terra, os seus soldados venceram uma grande coalizão de tropas monarquistas de vários países da Europa. Com isso, a França obteve controle sobre os territórios da atual Alemanha. Nos anos seguintes Napoleão somou vitórias consecutivas, por exemplo, na Batalha de Austerlitz, na Áustria (1805), além de vitórias na Prússia (1806) e na Rússia (1807). O Império Francês atingiu sua maior extensão em 1812, mas dentro da França a política excessivamente militarista do Imperador já passava a ser questionada.

Napoleão, é claro, não se conformou com a derrota para a Inglaterra e procurou outros meios de enfraquecer a mesma. Então decretou, em 1806, o Bloqueio Continental, pelo qual todos os países europeus teriam de fechar seus portos ao comércio inglês. Caso contrário, seriam invadidos e dominados pelo já temido exército francês.

O objetivo era prejudicar a economia inglesa, mas o tiro saiu pela culatra. A França não tinha condições de substituir a Inglaterra comercialmente, o que levou, por exemplo, Portugal a se manter neutro na situação. Napoleão, honrando sua palavra, invadiu a Espanha e os colonizadores brasileiros, obrigando a família real a fugir para a colônia. A Rússia chegou a aderir ao bloco em 1807, na Paz de Tilsit, mas voltou atrás em 1810.


Inconformado, Napoleão decidiu invadir a Rússia, preparando um exército de aproximadamente 600 mil homens e 180 mil cavalos. O exército de Napoleão seria vitimado da mesma maneira que Hitler dali a 130 anos: O inverno rigoroso russo. Enquanto o exército de Napoleão avançava, o exército russo se aproveitada da estratégia de terra arrasada, ateando fogo às plantações e a tudo que pudesse ser útil aos invasores. Quando Napoleão chegou a Moscou, as tropas francesas estavam mal alimentadas e desgastadas. O Imperador bateria em retirada, mas grande dos combatentes morreriam na volta: dos 600 mil soldados que partiram, estima-se que apenas cerca de 40 mil regressaram.

A derrota de Napoleão na Rússia encorajou ingleses, russos e austríacos a formar um poderoso exército e, por fim, invadir a França e derrubar Napoleão. O imperador foi enviado a uma prisão em Elba e o trono francês foi entregue a Luís XVIII, irmão de Luís XVI (rei guilhotinado durante a Revolução Francesa).

Em março de 1815, Napoleão fugiria de Elba e regressaria à França, depondo Luís XVIII. As tropas que foram enviadas para prender Napoleão uniram-se a ele, mas sua permanência diante do governo francês, desta vez, durou apenas 100 dias. As mesmas Inglaterra, Áustria e Rússia se reuniram novamente e marcharam contra a França na Batalha de Waterloo.


As conquistas napoleônicas haviam modificado a divisão política de quase toda a Europa Ocidental e Central. Em outras palavras, era preciso limpar a bagunça que Napoleão havia deixado. Por isso, os dirigentes europeus organizaram o Congresso de Viena, cujo objetivo básico era restabelecer a antiga divisão politica do continente europeu.

Entre as principais diretrizes aprovadas, destacam-se:
  • Restauração: Retorno à situação política europeia de 1792, restabelecendo as fronteiras territoriais dos governos.
  • Legitimidade: Devolução do governo de cada país aos herdeiros das antigas monarquias absolutistas. Na França, por exemplo, Luís XVIII deveria reassumir o trono.
  • Solidariedade: Formação de uma aliança política entre as monarquias europeias com o objetivo de reprimir a onda liberal e democrática deflagrada pela Revolução Francesa.
A iniciativa da diretriz "solidaridade" foi tomada pelo czar russo Alexandre I, propondo a criação da Santa Aliança entre as monarquias europeias tradicionais e cristãs. Em nome da Santa Aliança, esses monarcas assumiram o direito de intervir em qualquer lugar onde surgisse algum processo revolucionário, seja ele nacionalista ou relativo à independência.

A Inglaterra, porém, recusou-se a participar da Santa Aliança, mesmo tendo participado do Congresso de Viena.

Isso porque a Inglaterra tinha interesses na independência dos países da América Latina. Afinal, ela promovia a industrialização de sua economia, e quanto mais mercados existissem dependentes dela, mais ela lucraria. A partir de 1825, a Santa Aliança começa a enfraquecer com a explosão de novos conflitos liberais e nacionalistas.

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