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sábado, 1 de novembro de 2014

Guerra Fria: Contextualização


As dimensões da Segunda Guerra Mundial fizeram a Primeira Guerra Mundial parecer um conflito de espectro incomparavelmente menor. As velhas potências europeias jamais se recuperariam e veriam a ascensão da União Soviética à condição de maior potência europeia e principal rival dos EUA. Por mais que a URSS também tenha sofrido com destruição na sua parte ocidental, ela também havia conquistado novos territórios e zonas de influência. 

Em fevereiro de 1945, quando as tropas soviéticas já cercavam Berlim e o fim da guerra era esperado a qualquer momento, foi realizada a Conferência de Yalta, onde acertou-se a criação de um novo organismo mundial que pudesse garantir a paz entre as nações.

Este organismo seria a ONU, formalmente criada a Organização das Nações Unidas, com sede em Nova Iorque e objetivos básicos de manter a paz e a segurança internacionais. Entre seus principais órgãos está o Conselho de Segurança, composto de cinco membros com direito a veto, entre eles a URSS e os EUA. A ONU teve sua eficácia limitada desde sua fundação especialmente pelo choque de interesses entre os dois países e pelo poder de veto das grandes potências.



Entre julho e agosto de 1945, a Conferência de Potsdam formalizaria o fim da guerra e a divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação: França, Inglaterra, EUA e URSS. As três primeiras zonas de ocupação dariam origem à República Federal Alemã (capitalista) e a zona soviética tornaria-se a República Democrática Alemã (socialista), o que já ilustrava o cenário dali em diante: a divisão do mundo em dois polos ideologicamente distintos, um liderado pelos Estados Unidos e outro pela URSS, o início da nova ordem bipolar da Guerra Fria. A Guerra Fria consistiu no choque indireto entre duas grandes potências: EUA e URSS, resultando em corrida armamentista e disputa ideológica (Capitalismo X Socialismo) entre as duas potências.

Ainda na Conferência de Potsdam fixou-se uma indenização de 20 bilhões de dólares a ser paga pela Alemanha e a criação do Tribunal de Nuremberg para julgar o alto escalão nazista, acusado de inúmeros crimes de guerra e contra a humanidade.

Pelo Tratado de São Francisco, o Japão perdeu todas as suas conquistas territoriais, ficando sob ocupação militar norte-americana até 1950.



Em 1947, o presidente norte-americano Harry Truman elaborou a Doutrina Truman, cujo objetivo era impedir a expansão do Socialismo, principalmente em nações capitalistas mais frágeis. Uma consequência da Doutrina Truman foi o Plano Marshall, que consistiu na ajuda econômica dos Estados Unidos aos países europeus em crise após a guerra. Isso impediria o colapso desses países e os tornaria dependentes da política norte-americana, que teria sua influência na região assegurada. A URSS reagiu com a criação da COMECON, plano de ajuda econômica soviética aos países socialistas, e do Kominform, forma de união dos partidos comunistas europeus sob o comando da URSS.

Em 1949, seria criada a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança militar e política dos países capitalistas (EUA, Canadá, Reino Unido, Bélgica, Holanda, França, Finlândia, Dinamarca, Noruega e Luxemburgo, incorporando mais tarde Grécia, Turquia e Alemanha Ocidental) contra a URSS. Novamente, a URSS reagiria. A criação do Pacto de Varsóvia, em 1955, consistia numa aliança militar entre países socialistas (URSS, Albânia, Alemanha Oriental, Hungria, Polônia, Romênia, Tchecoslováquia e Bulgária).

Formava-se então a Cortina de Ferro, expressão usada para designar a divisão da Europa em duas partes como áreas de influência político-econômica distintas. A região mais Ocidental era capitalista, enquanto a mais Oriental era de influência socialista, como pode ser visto no mapa acima.


Um dos símbolos da Guerra Fria, cujo marco inicial é o período pós-Segunda Guerra Mundial, é o Muro de Berlim. Apesar da cidade estar dentro do território da Alemanha Oriental, uma parte sua ainda estava sob domínio capitalista. Em 1961, o Muro de Berlim é construído, separando pelos próximos 28 anos os lados capitalista e socialista da cidade.

A bipolarização do mundo gerou um novo conceito na geopolítica mundial. Os países chamados de Primeiro Mundo eram os capitalistas, aliados aos EUA. Os países de Segundo Mundo os socialistas, aliados à URSS. Por fim, os países de Terceiro Mundo eram os não-alinhados e neutros, destacando-se pelo subdesenvolvimento e a pobreza. Neste último bloco estão os mais de quarenta países que, entre 1950 e 1960, conquistaram sua independência em função do enfraquecimento da França e da Inglaterra, principais potências coloniais, e também do apoio da URSS. Entre eles estavam a Índia, Argélia, Congo, Angola, Moçambique, Camboja, Laos, Indonésia, entre outros.

Este grupo de países posicionava-se contra todas as formas possíveis de colonialismo e dependência internacional. Na Conferência de Bandung, em 1955, 29 nações recém-independentes pautaram o anticolonialismo, o combate ao racismo e ao imperialismo econômico e decidiram não se alinhar aos EUA nem à URSS. O posicionamento neutro do chamado Terceiro Mundo não impediu que conflitos indiretos entre as duas maiores potências da época eclodissem em outros lugares do mundo, como veremos a seguir.

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