Vimos na postagem anterior que a Confederação do Equador seria uma reação à Constituição outorgada e ao autoritarismo de d. Pedro I. Tal reação aconteceu na província de Pernambuco, que já havia liderado atividades revolucionárias na Revolução Pernambucana de 1817.
A situação econômica da região não se modificou entre 1817 e 1824 e a carga tributária cobrada ainda era grande, as exportações de açúcar continuavam em queda livre, mestiços e negros livres, pequenos comerciantes e militares de baixa patente viviam em estado de miséria; o que se somou diante do fechamento da Constituinte e imposição da nova Constituição.
Retomando as atitudes de 1817 e de 1821, os pernambucanos formaram uma junta administrativa, que se dirigia às províncias do Norte e Nordeste convocando-as à rebeldia.
As ideias defendidas eram de caráter liberal. Cipriano Barata e Frei Caneca, dois dos principais líderes, eram ambos a favor da instalação de um regime republicano e federalista (que respeitasse a autonomia das províncias). Cipriano Barata era ainda a favor da abolição da escravidão e crítico mordaz do império, enquanto Frei Caneca era contrário ao mandato vitalício (para a vida toda) dos senadores e condenava a existência do poder Moderador.
A revolta eclodiu quando d. Pedro I nomeou um novo presidente para a província de Pernambuco, contrariando o desejo das forças políticas locais. Os revoltosos chamaram as outras províncias a desobedecerem o governo central do Rio de Janeiro, garantindo a adesão do Ceará, do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Em seguida, proclamaram um Estado independente que reuniria as províncias do Nordeste sob o regime republicano e federalista, respeitando a autonomia de cada província.
Houve, no entanto, divergência de interesses. Os líderes da Confederação do Equador defendiam a extinção do tráfico negreiro e a igualdade social, propostas que não expressavam os desejos das elites locais. Abandonada pelas elites, a Confederação enfraqueceu-se. Com (mais) dinheiro emprestado dos bancos ingleses, d. Pedro I contratou uma esquadra naval do mercenário escocês Lord Cochrane e enviou ao Nordeste uma força terrestre comandada por Francisco de Lima e Silva. A revolta agravaria a crise do império, que (spoiler) levaria à abdicação de d. Pedro I alguns anos depois.
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